segunda-feira, 15 de outubro de 2018

SOBRE UNIÃO

Ataques entre pessoas que deveriam estar do mesmo lado, agora, são muito ruins.


Uma das grandes conquistas do golpe foi a demonização do PT. É claro que esta demonização começou muito antes, desde a fundação do partido.


Para não escrever demais, não vou abordar aqui o quanto foi difícil construir os lastros sociais que fizeram este partido uma alternativa real no Brasil.


Também não precisa fazer um grande raciocínio para saber o quanto vai demorar para construir outra alternativa com esta possibilidade concreta e, não havendo outras mudanças significativas, compreender o quanto esta outra alternativa, partidária ou não, também seria demonizada.


Percebi o assento da demonização quando, em 2016, jovens, bem intencionados, começavam a publicar coisas como “Ser contra o golpe não é ser petista”... O uso do termo “petista” como doença passou a senso comum, como a querer se desvencilhar de algo que é malévolo, “não sou petista mas....”.


Penso que, neste momento, o uso desta fórmula mais reforça o preconceito do que ajuda a converter o pensamento dos antipetistas à direita, nos quais o processo de demonização está arraigado.


Na atual conjuntura qualquer candidato avulso (sim, é assim que as pessoas tratam, candidatos como “bloco do eu sozinho”) precisaria do apoio do PT para se eleger e sofreria do mesmo processo de demonização, coisa que já estava acontecendo antes do primeiro turno.


Haddad é um dos quadros mais inteligentes e íntegros do Partido dos Trabalhadores, mas como ele há muitos dentro deste partido. A diferença deles para todos nós é que têm a força de estar dentro deste jogo da política partidária, coisa que eu, por exemplo, não conseguiria. Convenhamos que permanecer nos quadros do Partido dos Trabalhadores nos últimos anos não foi tarefa fácil.


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Contudo, precisamos falar de outra coisa agora também: as críticas que estão fazendo ao candidato Ciro Gomes. Se ele se afastar definitivamente da campanha do 2º turno realmente terá sido um erro de avaliação (mas não penso que se deva atacá-lo se for esta a sua decisão). Diante da gravidade, as disputas partidárias devem ser suspensas temporariamente.


Mas sendo Ciro Gomes um homem extremamente inteligente e com excelentes ideias nacionalistas e progressistas e sabendo da sua importância política neste momento, este afastamento temporário pode ser muito salutar. Livra o candidato, terceiro colocado, do processo de demonização que iria ocorrer com qualquer um que estivesse se posicionando publicamente agora e pode se converter em um grande capital simbólico para ele mesmo e para a campanha de Haddad.


Ciro, voltando a 4 dias do final da campanha, ganharia um status muito importante como uma espécie de “salvador da pátria” (uso o termo apenas no sentido estratégico) e sendo apresentado como futuro ministro poderia representar uma arrancada final a convencer indecisos entre os próprios eleitores do grande político cearense.


Haddad é do Partido dos Trabalhadores, mas representa um PT mais maduro.


Parece-me que é consenso que estamos num momento muito grave. É hora de união, de dar as mãos para enfrentar algo muito pior.


Para quem não entende do que estou falando, assistam um trecho de ‘A Vida de Brian’ do Monty Python e percebam o quanto os soldados romanos riem de nós nesta situação.

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