A AÇÃO MEDIÚNICA OBSESSORA FOI
SUPERADA PELO WHATSAPP
(obs: é uma ironia provocativa)
As trevas não precisam mais realizar
o recurso à mediunidade para realizar suas tarefas e desejos.
O que assistimos hoje, em parte
da população brasileira, é um fenômeno bastante avançado de fascinação,
com utilização de uma ferramenta de comunicação direta, o WhatsApp, junto a técnicas
psicológicas de propaganda conhecidas de longa data e aperfeiçoadas pelos novos
recursos tecnológicos de edição de imagem.
Trata-se, sim, de um caso sério de
fascinação coletiva, já visto em menor ou maior grau, em movimentos
autoritários de massa, durante o século XX, mas que agora ganha outros contornos
mais graves.
No Livro dos Médiuns, compreende-se
que a fascinação se trata de uma ilusão criada diretamente pelo Espírito no
pensamento do obsidiado, chegando a paralisar a sua capacidade de discernir e
julgar o que é o seu próprio pensamento e a sugestão de outrem.
Aproveitando-se de brechas como o
orgulho, o preconceito, o ressentimento, a inveja etc., o obsessor faz com que
suas vítimas repitam e repliquem suas ideias, que têm pequenos pontos em comum
com as brechas abertas, mas que podem ser, até mesmo, contrárias às crenças
mais profundas que o obsidiado vem lutando para assentar no mais íntimo do seu
ser.
O fascinador é ardiloso e
utiliza-se de máscaras - Deus, Família, Pátria, Ordem, Progresso - dentre
outros valores que poderiam ter um significado mais profundo e positivo, mas
que assumem o caráter de uma casca ritualística, empregada de maneira
demagógica. Diz o Livro dos Médiuns sobre a fascinação:
“para chegar a tais fins o
Espírito deve ser esperto, ardiloso e profundamente hipócrita. Porque ele só
pode enganar e se impor usando máscara e uma falsa aparência de virtude. As
grandes palavras de caridade, humildade e amor a Deus servem-lhe de carta de
fiança” (Cap. XXIII, 239).
Claro que há muito tempo sabemos
que a fascinação, como outras formas de obsessão, pode se realizar de encarnado
para encarnado. No caso em que estamos falando, tratam-se de agências produtoras
especializadas em conteúdos fascinantes (polo emissor) que distribuem seus
conteúdos encomendados para um grande número de encarnados (polo receptor), selecionados
a partir de algoritmos muito bem estudados.
A identificação provocada pelo
conteúdo divulgado, faz do receptor um potencial divulgador confiável entre
outras pessoas que possam compartilhar dos seus mesmos referencias e
sentimentos e chegar à mesma conclusão que o primeiro polo emissor desejava
induzir. São os velhos desejos e receios humanos da fofoca, da maledicência, do
catastrofismo, da difusão do medo... multiplicados, exponencialmente, aos milhões.
Da mesma forma, é claro que
também sabemos que nenhum de nós está isento de se submeter a graus, maiores ou
menores, de obsessão, devido às portas abertas de imperfeições que ainda
mantemos. Resta-nos, quanto a esta situação, portanto, continuar utilizando a vigilância,
a criticidade e o autoconhecimento tão exemplificados por Kardec.
Quanto à população que se
encontra em momento de ‘encantamento coletivo’, os contra-ataques e os
pagamentos na mesma moeda do ódio e do olho com sangue só reforçarão a crença
fanática que se nutre com a ideia de perseguição e de uma dicotomia rígida e
cega entre o seu lado, o bem, e o outro lado, o mal.
Isto não quer dizer que não
podemos e temos obrigação de nos contrapor utilizando a outra face. A serenidade
dos argumentos, a coerência entre o que se defende e o que se vive, ainda serão
nossas maiores ferramentas.
Não podemos nos esquecer que
estamos concorrendo com mensagens que chegam pela manhã, junto com ‘bons dias’
floridos, com despertar de saudosismos de infâncias e tempos idílicos
imaginários num passado perdido.
Estas mensagens se contrapõem à
sensação de aceleração e de caos do mundo moderno consumista. Sim, ‘eles’ se
utilizam de algo que nós também procuramos enfrentar, o vazio e a ausência de
sentido da sociedade consumista.
No que tange à situação maior (em
termos de quantidade de pessoas envolvidas) é mais difícil de construirmos uma resposta
neste momento.
Trata-se de um fenômeno de
comunicação de massas, contraditoriamente, compartilhado em grupos fechados (aos
quais por vezes não temos acesso). É algo novo, pois há pouco tempo imaginávamos
que a emergência do acesso popular às novas mídias tivesse como um dos efeitos
negativos (há muitos outros positivos) “apenas” uma atomização maior da
sociedade e a exacerbação do individualismo. A retomada dos fenômenos de massa
do século XX nos toma, de certa forma, despreparados.
Nossa ação terá que ser, claro,
no campo do esclarecimento político, das relações interpessoais, micro e
macro-comunitárias. Mas, também, não poderemos descuidar da vibração e da
mobilização de energias no grave momento em que o planeta atravessa. O
encantamento da fascinação de massas, em outros momentos, só foi quebrado após
enormes sofrimentos coletivos.
Não temos respostas prontas para
tudo o que está acontecendo.
Mas façamos agora o que está ao
nosso alcance, colaborando com a Espiritualidade Maior, tendo a certeza de que
já não é mais o tempo para a propagação do ódio dentre os trabalhadores da
última hora que já adquiriram a consciência de que a Solidariedade (da qual,
por nossas limitações, somos ainda mais beneficiários do que favorecedores) é a
Lei que rege o Universo.