domingo, 5 de novembro de 2017

Sobre a poesia



A poesia não nasce da plenitude das certezas.
A poesia, como toda arte, é dom da dúvida.
É o mistério, o desejo e a incompletude que movem o fazer poético.

A moça-fantasma, o fim-do-mundo.
O flautim do Anjo Pirulim.
As Flores de Baudelaire.
As Rosas de Hiroshima.
As mãos dadas, a matéria tempo.
Meninos carregando água na peneira.
O preço do feijão.
Páginas pálidas, sílabas sentidas.

A poesia é feita por aqueles que necessitam compartilhar vento.





quinta-feira, 19 de outubro de 2017

MEMÓRIA D' O TEMPO





Recuperando making of 2015. Primeiros ensaios com o grande professor Fabrício Pascoal e a linda voz de Aline Trigo.







O tempo
Composição: Jean Moreno e Fabrício Pascoal


Agora...

A água que escorre é o tempo

A légua que sobra é o tempo

A língua que cala é o tempo


A dança que embala é a espera

A crença que inspira é a espera

A benção que sopra é a espera


A seta que falta é a cor

A meta que esconde é a cor

O afeto que busca é a cor


O que se vive é a cor

A cor é o que se vive agora


Agora...

A língua escorre, espera

A água sobra, espera

A légua cala, espera


A crença sopra a cor

A dança embala a cor


A benção que inspira é o tempo

A meta que falta é o tempo

A seta que busca é o tempo

O afeto que esconde é o tempo



Agora,

O que se contempla é o tempo....





Memórias O Tempo



Recuperando making of 2015. Primeiros ensaios com o grande professor Fabrício Pascoal e a linda voz de Aline Trigo.










O tempo
Composição: Jean Moreno e Fabrício Pascoal


Agora...

A água que escorre é o tempo

A légua que sobra é o tempo

A língua que cala é o tempo


A dança que embala é a espera

A crença que inspira é a espera

A benção que sopra é a espera


A seta que falta é a cor

A meta que esconde é a cor

O afeto que busca é a cor


O que se vive é a cor

A cor é o que se vive agora


Agora...

A língua escorre, espera

A água sobra, espera

A légua cala, espera


A crença sopra a cor

A dança embala a cor


A benção que inspira é o tempo

A meta que falta é o tempo

A seta que busca é o tempo

O afeto que esconde é o tempo



Agora,

O que se contempla é o tempo....





domingo, 1 de outubro de 2017

o Moinho e a Cruz







Fiquei bastante impressionado com o Moinho e a Cruz de Lech Majewski.

Estética e reflexão profunda.

É um filme lento, quase sem diálogos, indicado somente para aqueles que gostam muito muito de arte.



sexta-feira, 22 de setembro de 2017

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Mundo mudo
Mundo, mundo
Vasto silêncio
Ante o riso fácil
Perante o sentido

Silencio

Jean Moreno, agosto de 2017

domingo, 6 de agosto de 2017

Partiram

Às vezes se sentia sozinho
Em busca de, ao menos, uma palavra
Por vezes ia além da tristeza
E imaginava o horizonte como consolo

Quando ela surgiu assim
Foi como a Lua sobre a penumbra do mar
Sua luz lhe envolveu

E assim partiram
Sem destino
Numa nave sobre o mar
A plenitude tomava seus espíritos

E ele nem precisava mais de uma palavra
Diante daquele sorriso

E assim partiram
Sob  a bruma dos destinos
Num barco alado ante as montanhas
Na conquista de si mesmos.


quarta-feira, 10 de maio de 2017

Junto com Lula


Junto com Lula, eu também serei interrogado hoje.

Eles estão com ódio e querem nos eliminar.

Junto com Lula, eu também serei julgado.

Eles estão com ódio e atiram pedras.

Lula representa uma parte do projeto de mundo pelo que sempre lutei.

Banqueiros, juízes ricos e privilegiados, oriundos de famílias ricas, donos de empresas de comunicação milionários instigam policiais pobres, guardas civis pobres, militares pobres a bater e espancar manifestantes que defendem um projeto de mundo diferente do deles.

Eles têm ódio.

Era pouco pelo que lutávamos. Centenas de milhares de pessoas nas favelas, com pequenos subsídios, abrindo seu pequeno negócio, um salão de beleza, um disque-entrega..., centenas de milhares de pessoas tendo direito à sua casa própria com financiamento mais justo, estudantes pobres tendo acesso à universidade e em cursos que dantes eram praticamente exclusividade de uma casta.

Era pouco o que pedíamos, muito pouco.

Deem-nos um capitalisminho um pouco mais civilizado. Ao invés desta selvageria que sempre vivemos.

Junto com Lula, eu e todos que defendemos um projeto de mundo um pouquinho diferente estamos sendo julgado e recebemos as pedras e o ódio de muitos.

Com financiamento de grandes corporações internacionais eles instigam o ódio a qualquer projeto alternativo de mundo. E pessoas simples, que nunca leram nada sobre relações políticas, sociais e econômicas em seu país, em seu município ou no macro plano das relações internacionais, compartilham mensagens de ódio como se entendessem completamente o que está se passando.

Pessoas que nunca estudaram, de fato, os atavismos que compõem uma ética nacional onde todos são corruptos, menos a minha turma, todos são racistas, menos eu, compartilham mensagens de ódio, instigados é claro pelo bombardeamento de sua principal fonte de informação: a televisão.

Eles têm ódio e o ódio nunca construiu nada.

Este ódio só nos levará à convulsão social plena, à guerra civil.

Há muitos para criticar e poucos que se dispõem a fazer qualquer coisa pelo bem comum.

Lula pode ter cometido erros, como todos nós, mas, assim como Dilma, não merece a perseguição e ódio que lhe é dirigido.

Eles roubaram nosso voto e a nossa frágil democracia para implantar seu projeto que menos de 5% da população brasileira aprovaria.

Tentamos um esforço gigantesco de compreensão para que o ódio não floresça em nossos corações.


Tomara que, hoje, algum bom senso prevaleça na bela e, por vezes, preconceituosa capital do Paraná.

terça-feira, 25 de abril de 2017

Na triste e vergonhosa instituição da escravidão brasileira havia leilão de pessoas escravizadas trazidas da África. As pessoas estavam ali contra a sua vontade. Na lógica do leilão, provavelmente o vendedor (traficante ou intermediário local) fazia um preço mínimo pela mercadoria e os compradores negociavam possivelmente oferecendo um valor mais alto pelos aparentemente mais fortes.


Alguns municípios, no vácuo institucional da era pós-golpe, estão fazendo LEILÃO DE PROFESSORES. Neste caso, não é o comprador que faz o preço, mas o trabalhador que, humilhantemente, se oferece por menos que ganha a vaga. A indignidade chega aos seus limites. ‘Quanto mais miséria tem, mais urubu ameaça’.  

domingo, 26 de fevereiro de 2017

Seria Assim



Resultado de imagem para cavaleiro negro medieval


Se fosse apenas uma vez
E dissesse que iria conseguir

Se fosse fácil aguentar assim
Se fosse leve

o cavaleiro negro prosseguiria
à procura de autonomia

Se fosse breve esta agonia

Ele ainda estaria vivo
os caminhos se multiplicariam

além de si
mesmo que fosse o fim

Ainda que fosse apenas

Um grito de adeus

gritos de guerra

intensões não declaradas

Ainda que fosse fácil

seriam muitas vezes

a afirmar
ainda que por vontade

Seria assim



terça-feira, 17 de janeiro de 2017

UM TREM PARA LISBOA










Colocando em dia a produção cinematográfica. Enfim assistido "Trem Noturno para Lisboa" de 2013, do diretor dinamarquês Bille August.


Minha nota: 8,0


Os pontos altos estão na montagem do quebra-cabeça sobre a vida do médico, literato, humanista e revolucionário Amadeu do Prado e na evocação do contexto do fascismo salazarista ainda no início dos anos 1970.


Tenho a impressão de que faltou profundidade no trato das personagens principais no que tange a aspectos políticos e existencialistas, atendendo a apelos mais palatáveis para uma produção com financiamento internacional.


Há uma perda também no fato de o filme ser todo falado em inglês, apesar da maior parte da narrativa se passar a Portugal.


Enfim, são questões difíceis de resolver quando se pensa no atendimento a um consumo maior.


Ainda assim, recomendo a película como uma história bastante instigante para quem gosta de reflexões filosóficas e da mátria lusitana.