Estava no terceiro ano da
faculdade e, não lembro se por acaso ou por escolha minha (no caso, pelo
título) tive que apresentar um trabalho sobre o livro Capitalismo Desorganizado
de Claus Offe. Era uma leitura extremamente difícil para quem vinha se formando
a partir de leituras que se podem chamar genericamente numa postagem simples de
“história cultural”.
A sociologia marxista do autor
alemão (que relaciona de forma profunda economia, democracia e Estado) tratava
das contradições do Estado de Bem-estar social (que já estava sob ataque em
1985 quando escreveu o livro) e do mercado de trabalho.
A leitura árdua empacava feito o burrinho
pedrês quando certa noite assistindo à programação da TV Cultura deparei-me com
uma entrevista longa com Luiz Inácio Lula da Silva, que havia sido derrotado pela
segunda vez como candidato à presidente e retornava ao Brasil após uma série de
encontros com sindicalistas e pensadores europeus. Lula explicou sobre o
crescimento do setor de serviços, o pleno-emprego, a atuação dos sindicatos, os
grupos de interesse que ganham status público, etc.
A partir da entrevista consegui
compreender melhor o “Capitalismo Desorganizado” e sua leitura da economia
política do mercado de trabalho.
Acho que fui razoavelmente bem na
apresentação.
Este post não é de campanha política
eleitoral (estamos em outro momento). É apenas um reconhecimento e uma
expressão de gratidão.
O reconhecimento de uma
inteligência ímpar que consegue interpretar e traduzir as situações mais complexas
para uma linguagem a que todos possam compreender.
Tenho a certeza de que boa parte
do ódio a Lula, que o mantém preso e sob condições desumanas de proibição de
visitas ou de saída para o natal com a família, é uma gigantesca inveja e um
imenso temor da sua inteligência.