segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Escritos da adolescência





Vou contar pra todos vocês
A história de João Durante
Que insistia em pensar
Sempre e a todo instante

Quando chegou a Curitiba
Sem casa pra morar
Arrumou pensão na 13 de maio
Procurou emprego pra trabalhar

“Mas a gente não tem conhecimento, né?
Emprego aqui não tem não?”
Três anos de carteira
Pra onde vai agora o pobre João?

“O que é ser homem?”
“Queria fugir para outro planeta.”
“Deus, ajuda agora teu filho!”
E João estava então na sarjeta

E todos viam e diziam
_ Aquele é João Durante
Sua trajetória foi prevista
Por uma onomatomante

E a rua era ainda mais dura
E a noite mais fria
Naquela Curitiba
Uma cidade-modelo
Com muita gente perdida

Mas João não se acomodou
Atreveu-se a olhar o céu
A amar as abelhas
E provar de seu mel

Batizou todas as estrelas
E quando não tinha comida
Pedia a vida a Deus
E a morte a uma estrela escondida

E pra Lua João fez uma canção
Pro Sol uma oração
Ao cão que lhe acompanhava
Chamava de irmão

Não compreendia o que se passava
Sabia que não estava completamente errado
Por que tanto desprezo?
Não fazia mal a ninguém
E ajudava quem estava ao seu lado

E todo dia agradecia
Pelo pouco que conseguia
Pelo caminho tortuoso
E o final que alcançaria

Conheci João em uma pequena travessa
Conversamos sobre vários assuntos
Concordamos, discordamos,
E hoje fazemos músicas juntos


Jean Moreno, 1992

árvore



Cresce árvore, cresce
Cresce antes que se perca
Para transforma-se numa simples cerca
Que nem para derrubar, construir-se merece


Jean Moreno 1995

Convite





Vem, vem amigo
Comigo
Conversar um pouco
Louco?
O erro já não está tão perto
Incerto.
Tribos, soldados, imaginação
Irmão,
Sangue não está mais aqui.
Ali
É uma distância eterna
Cavernas
De palavras brandas
O mel
Se tem quando se quer
Cavaleiro andante,
Dê-me a mão
Segure a flor
De agora em diante
Tudo será expressão do amor.


Jean Moreno, 1992

ÍNDIOS




Híbridos incomuns
Índios em comunhão
É o que somos


Jean Moreno, 1992

domingo, 30 de agosto de 2015

Quem saberá?




Invento o sal.
Componho mais.
Invento o caos.
Proponho o cais.
Quem saberá?

Vivendo à nau.
Esquecendo o mal.
Um dia a Paz.
Inventará.


Jean Moreno, 1995

Paz





Para viver de paz
Mais que um desejo
Há de haver
Um afã impávido
Atravessar fronteiras
Recriar momentos
Onde nos esqueceremos

Para viver de paz
Mais que uma alma
Existirá uma canção
Em quintais tardios
Piqueniques nas florestas
Travessias de oceanos


Jean Moreno, 13/03/1998

sábado, 29 de agosto de 2015

Acalma-te



Acalma-te
Pensa agora num oceano lindo azul
E você nadando em direção da linha do horizonte
Acalma-te
É claro que os horizontes se multiplicam
Aí é que está a lógica da vida
E é aí que é preciso calma e serenidade


Jean Moreno, 1994

Mão




Tua mão que me guia
Vai me trazendo
Para onde ainda não entendo
Minha mão insegura
Escora-se sempre em tua brandura
E quando as flores do outono
Atravessam o azul de nosso planeta
Sinto a tua mão
Incentivando-me
A perceber toda a beleza.


Jean Moreno, 1994

O som e a melodia





E eu que me imaginava o tigre,
O sustentáculo do verbo,
Demorei a perceber que eras Tu o leão,
A serenidade imensa a me segurar.
Embora travestido de modéstia,
Agia como se fosse o Sol,
Sem perceber a importância da sombra
E quando fui choro,
Foste Tu a lágrima que liberta
Para quem se imagina o invento,
Demorei a perceber que não existiria
Sem a Tua criação.
Preocupado em abrir portas,
Perdi tantas oportunidades de observar
A bela vista de Tua janela
Fui o suor e Tu o trabalho
O mar e a água
A comunicação e a telepatia.
Pensei-me a ousadia,
Mas era Tu a sanidade da loucura
Por isso peço-Te hoje a possibilidade
De ser a boca para Tua fala.
E, um dia, quem sabe mais:
O som para Tua melodia.


Jean C. Moreno, 06 de junho de 1998.

Dúvida



Quem sai e quem entra pela porta estreita,
Determina-se antes pelo feito ou pela seita?


Jean Moreno, 1995

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Destino




Não vou abrir mão
Eu discordo
Não me vou corromper
Eu persevero
Vou transformar-me
No que eu quero
E nesta viagem conclamo:
Todos a bordo!


Jean Moreno, 1990

Ver, sentir



O nome do homem deitado na praça
O álcool do homem caído no banco
A fome do homem arrastado no chão
A nudez da mulher exposta na rua

Não se sabe de onde vêm
Não se sabe pra onde vão

A ferida da menina transposta no rosto
A cola do menino translúcida na mente

Não se vê, não se sente
Já virou rotina
Nesta cidade inclemente


Jean Moreno, 1994

Música ao longe



Diamantes estraçalhados
Ainda assim resta uma música
A reinventar o nada
De um vazio que arrepia
Uma voz cansada
Que a despeito sussurra
Uma omissão quase esquecida
À espera de um choro
Flores que não brotaram
De um sorriso sem raiz
Um rosto sem janela
Ainda assim resta uma música


Jean Moreno, 04/04/1997

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Índio




Aquele pôr do sol era incrível
E a lua cheia mais ainda
Índio como sou, dancei em agradecimento



Jean Moreno, 1998

Desejo



Que a noite tão fria traga apenas ternura
E que o próximo dia traga servir,
Mas não tortura.


Jean Moreno, 1993

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Perdido



Quando me perdi de mim?
Quando não encontrei mais
O fundo, o profundo, a amplitude?

Quando de mim me perdi?
Quando o medo se impôs
Com seus dentes raivosos?

Quando de mim não achei
Mais do que um grito
Sem eco, a se perder no horizonte?

Quem pôs minha alma exposta na praça?
Assim, pega de surpresa,
Tão despreparada?

Quando meus olhos se perderam ao vento?
Quando a luz foi apagada
E meus pensamentos foram dados a outros?


Jean Moreno, 23.08.2014

Começo sincero



Começo sincero
Aflito te espero
Termino inocente
Te amo pra sempre

No meio eu insisto
Vamos brincar de eternamente

Eu vou preparar a corte
Vou avisar os astros
Será festa hoje e amanhã
Do passado brindaremos o acaso
Do destino apenas a espera
E a esperança será a lógica

Começo sincero
Te quero pra sempre
Termino inocente
Te espero, te espero…


Jean Moreno, 13/03/1998 

Tempo





Perto do intervalo
Perto do continuum
Perto do disperso
Perto do avesso
Um sopro, uma maré mansa,
Ressuscita o tempo


Jean Moreno, sem data

Alforria




Estamos longe da loucura
Perto da alforria
Agora sós, somente
Castelos de tempo
Tendas,
Alusões a outros mundos
Trovões, chuvas
Uma luz
Quando tudo está escuro, ainda consigo ver...


Jean Moreno, sem data

Mundo Estranho



Onde estou e pra onde vou,
Mundo estranho?
Onde, minha auto-imagem?
Onde, a graça,
Mundo que gira veloz?
Onde o encontro, o entendimento?
Encolhido neste armário busco
O sentido e o encanto
A superar este medo.

Jean Moreno, 1991.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Anos 1960: a juventude e seus sonhos.



          Decifrar os anos 1960 e 1970 não é tarefa fácil. Ministrei algumas palestras sobre este período, especialmente sobre a juventude, em eventos acadêmicos alguns tempos atrás. Uma juventude que viveu como se tudo fosse possível. “A felicidade é uma ideia nova”. “A imaginação toma o poder”.  "Tudo, já".
        Sob sonhos, protestos, indústria cultural e muita droga, a criatividade artística emergiu. Estes projetos de mundo alternativo se perderam? Nada se perde. Em que se transformaram?
         "Sob as calçadas, a praia". Mas nem tudo era viável. As viagens com as drogas mostraram-se uma fuga inútil. Para a resolução dos problemas do mundo tinham um efeito muito efêmero. Pior ainda, a viagem, para alguns, não teria volta.

         Alguns ideais cultivados por esta juventude nos foram legados como conquistas. Hoje, podemos ser muito menos formais e hipócritas do que era a sociedade moralista do passado. 
         Por outro lado, a exacerbação da liberdade individual nos deixou à mercê de um egoísmo extremo, onde o hedonismo, a satisfação dos interesses pessoais, sobrepuja, em muito, qualquer projeto coletivo de sociedade.
          Coisas para resolvermos. A qualidade artística da produção do período é inegável. Fiquemos com o que há de bom. Cabe-nos a reflexão sobre os nossos atos e omissões, cotidianos, a respeito do mundo que herdamos e o mundo que queremos. E um pouquinho de música só pra relaxar, que ninguém é de ferro.
         “Chega de atos, queremos palavras.” 


Jean Moreno, 13/09/2010


Quando



Quando
A volta é mais difícil
E você já sabia disso

Quando
A busca por identidade
Torna-se realidade

Como entender
O comportamento
E o respeito
Que você quer,
Mas ainda não tem?


Jean Moreno, 1991.

Olhar (in)discreto (Romance)



Capítulo I

            Desde a primeira vez que avistou Mariana, Francisco encantara-se com a aura de luz que enxergava em torno da moça. Mariana era jovem e bela. Seu corpo esguio. Tudo nela era discreto: o andar, o falar, o olhar. Também sabia fazer pose. Quando falava, era difícil contrariá-la. Sua circunspecção emanava autoridade, superioridade. Para Francisco, no entanto, Mariana parecia sempre dócil, amável e meiga.
            O convívio entre os dois mostrava-se radiante. Mariana, no auge de sua graça, aparentava inatingível. Francisco tinha o esplendor daqueles que são arrebatados por imensa paixão.
            O moço vivia a rememorar a primeira vez que se viu frente a frente com ela. Mariana estava na casa de uma prima que comemorava aniversário. Francisco também fora convidado para a pequena festa. A casa era grande, feita de madeira, cercada por um gramado. No fundo havia uma extensão com lajotas ao chão e uma pequena divisória, onde, à maneira de depósito, guardavam-se as mais diversas coisas. Lá se encontrava também um fogão à lenha. Tudo era muito simples e organizado. Flores formavam um pequeno jardim acompanhando o gramado e um pomar singelo completava o ar bucólico daquela casa de um bairro afastado da cidade.
            Fazia frio e, como já anoitecia, as pessoas confraternizavam dentro da casa, na sala de visitas. Francisco não tirava os olhos de Mariana. Ela, como sempre, dava ares de não perceber nada do que estava à sua volta. No fundo, ela controlava a situação e tomou a iniciativa decisiva com um olhar discreto que apenas Francisco captara.
         Mariana saiu discretamente pela por ta dos fundos. Francisco, também de maneira sutil, não esperou nem dez segundos, e saiu pela porta frente. Fora da casa, pôs-se a procurar por Mariana, ainda que temeroso. Era um entardecer frio, mas bonito. Mariana estava no fundo da casa, olhando para o horizonte como se buscasse o infinito. Na verdade, esperava por Francisco.
            E ele chegou e, antes de falar qualquer coisa, aproximou-se o máximo que pode e fixou os olhos nos olhos dela. Os olhos de Mariana eram negros e grandes e, naquele entardecer, ficavam ainda mais misteriosos e indecifráveis. Francisco, na sua paixão, sempre insistia que não haveria poesia para descrever, natureza para comparar, nem imagem alguma capaz de refletir o brilho e a magia daqueles olhos. Pensava-se aprisionado por aquele olhar. Moraria para sempre dentro dele.
            Todos que conheciam o belo casal admiravam a harmonia que expressavam. Por um lado, a alegria de Francisco, sua simpatia, movida por imensa paixão. De outro, Mariana, no auge da graça, radiante, mas sempre demonstrando austeridade e distanciamento. Muito discreto, o casal pouco abria da sua intimidade, o que despertava certa curiosidade em vizinhos e conhecidos próximos.

Capítulo II

            Há algo estranho no ar... pensava Francisco, voltando para casa ao meio-dia daquela quinta-feira fria do mês de maio. Havia esquecido um documento importante e aproveitava o horário do almoço para buscá-lo. Aproveitou uma carona que lhe deixou a apenas três quadras de casa.
          Logo que desceu do carro e iniciou a subida daquela pequena ladeira, começou a ter sensações estranhas. Não conseguia fixar o olhar à frente por muito tempo. Parecia que uma névoa lhe encobria os olhos e algo lhe dava um aperto no coração, como uma angústia delirante. Tinha a sensação de que os vizinhos o espiavam por frestas das janelas das casas por que passava.
            Francisco começou a ficar realmente preocupado. Sua cabeça girava e ele pensava em Mariana nos lapsos de lucidez que lhe ocorriam. Lembrava do momento em que se despediu naquela manhã. Um beijo apressado como de costume. Nada diferente, tudo dentro da rotina. Acelerou o passo. Os olhares dos vizinhos o aborreciam. Por que não cuidavam de suas vidas? O que eles queriam? Se houvesse acontecido algo com Mariana já lhe teriam avisado...

Perdi o resto.
Um dia acabarei...


Jean Moreno, 1994.

Ainda é preciso



Ainda é preciso
Ver o tétrico e o esquálido dos edifícios
Ainda é preciso
Respirar o fétido e o cinzento dos automóveis
Ainda é preciso
Sentir o ázimo e o delirante da dor
Ainda é preciso
Degustar o pálido e o sublime da fome
Ainda é preciso
Ouvir o sem-escrúpulo e o nebuloso da boca dos homens


Jean Moreno, 1993

domingo, 23 de agosto de 2015

Fortaleza



Não se desocupe
Não libere sua mente
Por que não há o que se desculpe
Quando já se plantou a semente

Sempre olhe para os lados
Mas nunca fique parado

Se preciso, volte atrás
Mas não amoleça jamais

A gente se esquece
Às vezes esmorece
Mas sempre há o que nos proteja

A gente se aquece
E se fortalece
Tomando chá de carqueja


Jean Moreno, 1995

Caramujo



Caramujo
Cujo bojo é sujo
Mijo!
Mijo no seu bojo que é sujo
Caramujo cujo bojo
É sujo
É rastejante o dito cujo
É um verme
Oh caramujo
Cujo bojo é sujo
Rasteja pelas imundícies
Como te reproduzes?
Eras tão pequeno
Como te multiplicas?
Conseguiste derrotar-me agora
Mas espere caramujo,
Cujo bojo é sujo,
Espere até livrar-me desta sujeira
Que infesta o meu ventre
Aí caramujo,
Aí seremos muito diferentes.



Jean Moreno, 1992

Vampira




Tem pena de mim que te amo
Dá-me teu beijo que há muito reclamo
Mas recusa o fogo

Rega-me com teus cânticos e teus pendores
E faça uma canção com a letra de meus versos
Mas não me possua

Arranca de mim este verme roedor
Consome-me numa viagem às estrelas
Mas não me esqueça

Perdoa-me nos momentos de fraqueza
E se entregue à minha ternura delicada e frágil
Mas não demora.



Jean & Duda, 1993

REDIMENSÃO DO TEMPO



Variar
Mudar um pouco
Quem sabe por um momento
Criar
Disfarçar de louco
Tocar o sentimento
Gritar
Ficar quase rouco
Por um novo movimento
Chorar
Por levar um soco
Que te destruiu por dentro
Levantar
Observar ‘in loco’
Um novo elemento
Sonhar
Além do barroco
E a redimensão do tempo


Jean Moreno, 1993.

Aforismos, frases enigmáticas ou em busca de sentidos.





Não fuja ainda não. Não tenho a solução, mas ainda estou aqui.


Jean Moreno, 1994.

sábado, 22 de agosto de 2015

Você




Você precisa cortar os cabelos
Você precisa arrumar a casa
Mais uma vez tomou a opção errada
Você tem que resistir
Você tem que aguentar
Um pouco mais
Você precisa compreender os outros
Você precisa tirar boas notas
Você precisa ...
Você está engordando
Você precisa ...
Você precisa fazer a barba
Todos os dias
Você precisa pegar um trem
E por entre nuvens viajar


Jean Moreno, 1994

O Outro Lado



Há dias em que preferia não houvesse luz
E que soubesse escrever no escuro
Porque mais do que um peito duro
Ainda há que carregar uma cruz

Mesmo que siga sozinho
Saibas que persevero
E tento ser sincero
No diálogo com meus moinhos

A escuridão aumenta
Ao passo que os olhos se abrem
E os dois lados do cérebro sabem
O que este mundo representa

Tudo pode ter seu viés
O pior é não encarar viva
O outro lado da alternativa
Que, como um espelho, revela quem tu és.



Jean Moreno, 1992

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Reflexão



Sou eu neste espelho?
Ou és tu quem me olha?
Serei algo que não enxergo?
Sou quem me vejo e não reconheço?
Em que refração estarei?
Hoje estou irreflexo.


13/03/1998 Jean

Passado






Não brinque ninguém com o passado
Que eu o tenho como escarlatina
Mas tudo bem, nem tudo deu errado
E nem o retenho
Como todo mundo imagina


Jean Moreno, 1993

Incompreensão



Tempo há
Que não me sinto feliz
Tempo há que não vivo momentos ternos
Tempo há que não tenho tempo
Tempo há
Que o segundo anjo mau
O da incompreensão
Ronda os meus passos
Querendo que eu durma


Jean Moreno, 1995

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

AQUELE ALGO MAIS...




Deixava-me de pronto
Aquele algo mais que se pedia
A pétala da última flor do deserto
Aquele algo mais que se perdia
Da memória, a alegria
Aquele algo mais
Deixava-se de pronto
A canção do amor puro
E a lágrima sincera que escorria
Deixava-se
A pedra bruta que o tempo esculpia
Aquele algo mais se perdia
Contudo, no coração
Ainda permanecia
Aquele algo mais
Que por tão menos se esquecia


Jean Moreno, 1996

Que importa?




Menina,
Não desanima,
Não é a primeira vez
Que a casa desmorona

Que importa?
Lembra que a vida é eterna
Que eu lembro a primeira vez
Que beijei teus lindos lábios



Jean Moreno, 1991

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

SORRIR





Todo dia, uma poesia
Toda era, uma primavera
Sorrir apenas por sorricidade

Jean Moreno, fevereiro de 1997

Máscaras





Nas manhãs do passado
Não foi tudo pragmático
Houve o que houve
Não num sentido estático

Nas manhãs do passado
Tudo se pôs na mesa
Nada foi consumido
Algo foi consumado

Nas noites do presente
Cai de novo a máscara
Levantam-se as cortinas
Aparecem olhos, somente

Nas noites do presente
Nas tardes de transição
Colocam-se novos pratos
E percebe-se a semelhança
Entre a uva e o limão



Jean Carlos Moreno, 1994