sexta-feira, 31 de julho de 2015

Acalanto





Poucas coisas são tão belas quanto um acalanto.
Agora, neste momento,
há, num cantinho do mundo,
uma mãe ou um pai
cantando para seu filho dormir.

Paz.



Jean 03/03/2011

Quem vai te proteger?





Você não pode voar
Você não sabe voar
Você não deve voar
Você está voltando atrás
Você está errado
Você está decaindo
Parece que não volta mais
Quem vai te proteger?



Jean Moreno, 1994

Momento sem luz





Dizem que existe saída.
Dizem que existem razões pra tudo.
Dizem que sabem de todos os fios de cabelo que perco.
Quem sabe onde está minha esperança?
Quem sabe onde plantei tantos erros?
Quem me mostra onde pedi tantos desafios?
Se há o bem, por que não o identifico?
Dizem tanta coisa.
Mas não há coragem.
Fica o dito.

Jean 06/11/2010

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Libertar-se




O verdadeiro sofrimento

Vem dos nossos próprios erros


Jean, 1994

Hoje



Hoje superarei todos os meus traumas.
Hoje falarei às multidões.
Voarei por entre montanhas.
Hoje serei luz na escuridão.
Hoje meus desejos serão sublimados.
Hoje conversarei com cachorros bravos.
Hoje exporei minhas fragilidades.
Levantarei sorrindo após escorregar na frente de todos.
Hoje minha mente vai esquecer.
Hoje nada é contra mim.
Todos podem ser o que são.
Mágoas não existem.
Olharei nos olhos, pelas janelas.
Hoje sou transparente.
Não haverá vergonha.
Todos saberão que sinto dores.
Hoje, só hoje, amanhã está muito longe.
Hoje sou todo alma.



Jean Moreno. 01/11/2010

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Lá era assim...




Juro que lá era assim
A qualquer hora era bom
E você era feliz
E havia muito por fazer
A qualquer hora era bom
Juro
E havia ciranda
Rios, mares e estrelas
Amarelinhas
E havia muito
E o sabor era suave
E a vida tinha cheiro de ar
Noite e dia
Um sonho tranqüilo.
E o despertar das sensações.
Lá era assim.


Jean, 1998

Mania de perseguição



Vou ver meus e-mails
Onde está a porta por onde entrei neste pesadelo?
Vou tomar meus remédios e dormir o sono da eternidade.
Vou ver meus e-mails.
Alguém me mande uma chave,
Um portal!
Alguém me acorde!
Acenda a luz, por favor?
Alguém me pregue na cruz!
Por que eu sou muito covarde!
Meu sangue escorrendo lentamente,
Até se esgotar.
Vou ver meus e-mails.
Novas correntes, novas normas.
O que fiz agora,
Perseguidores?
Já invadiram minha intimidade.
Não há espaço livre.
Não há luz, túnel, fim.
“No final você dará risada de tudo isso.”
Quanto falta para o final?
Por que o espírito não se apaga?
Por que não nos transformamos em pedra insignificante?
A ser chutada, pisoteada?
Sem sentimentos?
Enviar e receber
Mais um copo quebrado.
Se não repassar esta mensagem,
O sopro da vida o transformará em uma pulga
Em simples pulga a se alimentar do sangue dos outros.


Jean, 19 de novembro de 2010.

Viagem de ônibus






Estou aprendendo a enxergar à noite.

O que um ônibus velho e uma recordação antiga não fazem com a gente?



Jean Moreno, 1994

Desesperança




Morri, certa vez, de gripe espanhola.
Noutro caso, morri com saúde.
De repente não mais estava vivo.
E a idéia da morte até hoje me atordoa.
Morri com cinco, morri com 50.
As palavras e os pensamentos são mágicos.
Se disseres ao outro: morra.
Se espalhares boatos sobre outrem.
Matá-lo-ás diversas vezes.
Assassinos os há em diversos graus.
Morri de vírus, de fraqueza, de tristeza.
Morri sem esperança.
Creio na vida.
Mas, agora me encontro morto.
Creio na justiça do Universo.
Mas, a minha prova...
É saber que não tenho forças para suportar.
A morte constante.
Não há mais músicos
Nem instrumentos
Só o silêncio mortal se faz presente.
Nem velas se acendem
Ao longe um corpo
Ao longe um corpo etéreo
Um espírito morto.


Jean Moreno, 28 de outubro de 2010.

terça-feira, 28 de julho de 2015

Afinações do espírito






Eu não tenho que escrever,
Mas sempre tenho o que escrever
Escrever é como um desabafo,
Um mergulho, um recolhimento.

Melhor fosse um desenho.
Como formas de escrita orientais.
Melhor fosse uma pintura,
Ou mesmo um filme ou som suave.

Ainda assim, vale a pena.
Comunicar-se comigo, por letras, fonemas.
Pensar no papel ou na tela
É o mesmo que falar com tantos outros.

Escreve-se há muito tempo.
Receitas, preces, contabilidades.
Escrevem-se partituras, calendários, cartas.
Na areia, na terra, nas folhas, nos ossos.

Afinações do espírito
São os escritos.
Coloca-se para fora sussurros, gritos.
Compõem-se arranjos da melodia íntima.


Jean Moreno, 13 de novembro de 2010.

Uma estória de crianças





Onde estou?
O que você quer de mim?
Uma estória de crianças
Triste, triste
No terceiro mundo é o que mais existe
Eu as quero abolidas
Quero contar novos contos
Onde estou?
Aonde vou chegar?
Amigo que Te preciso
Que Te sinto
E Te procuro



Jean Moreno, 1992

Boas Vindas




Olá.


Troco e compartilho 
gostos,
        apreciações,
               boas ideias,
                    luzes,
                          fractrais,
                                perfumes,
                                     fruições,
                                            contemplações,
                                                  poiéticas,
                                                        assertividades e                                                                      dúvidas existenciais.


Jean Moreno