terça-feira, 24 de março de 2020

Pensando

O desmonte do (restritíssimo) Estado de Bem-estar social no Brasil, a derrubada de qualquer proteção alfandegária e a privatização total é uma meta buscada há muito tempo.


A eleição de Collor prometia esta realização.


E lá se foram 30 anos nestes embates.


O golpe de 2016 acelerou este processo que, via-se claramente, seria muito demorado, caso se mantivesse a aparência democrática.


Precisou-se despertar as forças mais profundas do ódio e do rancor para que a cegueira de uma parte da população se instalasse.


Anos a fio de demonização da política.


Resta-nos saber se vão se contentar com as Reformas Trabalhista e da Previdência, com o sucateamento das instituições públicas e com a venda dos ativos das empresas estatais que foram, até agora, possíveis.


Provavelmente não.


Bolsonaro continua sendo útil para este projeto?


O caminho agora é de ir mais a fundo, radicalizando o autoritarismo, aproveitando a fragilidade de uma população exposta a uma epidemia?


Uma tentativa de amenizar a polarização e resgatar a aparência de normalidade seria perigosa nesta conjuntura?


Haveria um risco de outros projetos emergirem?


Isto talvez Elles estejam pensando.






E Nós, o que podemos pensar?


Quais os caminhos para um projeto de mundo e de país sustentável social, econômica e ambientalmente?


Há alternativas, realmente viáveis, ao projeto de conciliação?


Há possibilidades fora do caos social e da guerra civil?


Estruturar um projeto, solidário e consistente, desde os “de baixo” é possível? Em quanto tempo?


Temos que construir e consolidar pontes mais sérias de um movimento social global ou, ao menos, com nossos vizinhos e irmãos da América Latina? Isto é possível? Conseguiremos antes deste caminho de destruição que parece tão iminente?






Tantas questões, tantas urgências...


Imagine all the people


Sharing all the world






Para não dizer que não falei das flores...


segunda-feira, 9 de março de 2020

"Eu estava na prisão e fostes me visitar" (Mateus, 25; 36).
É difícil explicar aos seguidores de Jesus que não consta nos seus textos sagrados que eles devem ser o próprio deus implacável, o dedo em riste, a condenação do outro, o ódio, o julgamento infalível.
Olhar para dentro de si mesmo e tentar melhorar no que for possível parece-me um convite mais próximo do cristianismo.
O amor ainda está por ser construído e Dráuzio Varella é um ser humano que exemplifica a possibilidade desta construção.
"Há trinta anos, cuido da saúde de criminosos condenados. Por razões éticas, não busco saber o que de errado fizeram. Sigo essa atitude para cumprir o juramento que fiz ao me tornar médico. E para não cair na tentação de traí-lo, atendendo apenas aqueles que cometeram crimes leves. No quadro do fantástico, segui os mesmos princípios. Sou médico, não juiz" (Dráuzio Varella).