São vários olhares
Espreitando-me
Lá fora só o barulho da chuva
Entre as árvores que balançam
E o meu eu ausente
A janela embaçada
São vários olhares e todos me enxergam
Por que eu agora sou só dentro
Por que eu agora sou translúcido
As vozes atravessam-me
Trazendo recordações
E presenças sinceras
São vários olhares
E uma só a música
Mais potente que qualquer lente
Matéria fina
Para escrever não é preciso luz
Apenas o ar para a música
São vários olhares
As lembranças se misturam
Assinaturas do eu que procuro
É preciso ser mais
Como a árvore que canta
Como a chuva que dança
Nada mais impreciso
Que o futuro
Como a sensação tátil
Como um convite
Com a certeza de que a água continuará correndo
Fluídica matéria
Cristalina
As letras as águas levarão
São vários olhares
E a chuva
Jean Moreno, junho de 2001
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