Desconexos são meus pensamentos.
Ojeriza desfeita.
Não vou sanar o teu mal-estar.
Enquanto não me resolver.
Revolvo meus pensamentos.
Eles estão pichados nos muros do meu
superego.
Minha índole é plebéia.
Mas faço tempestade repressiva. É
ela que me segura. É ela que me empurra?
Há insetos em meu pensamento.
Zunindo por entre os espaços.
Navios flutuam por estradas em linha
reta. Horizontes se vislumbram.
Novos monges eremitas.
E os inquisidores a perseguir os
hereges.
E os delatores a apontar inocentes.
Em troca de migalhas.
A lama os envolve. Labirintos de
terror.
E as paredes se movem.
E o observador ao longe. Vendo as
formigas a se debater.
Não as reprime, não as condena.
Uns recuperam a serenidade por
lampejos. Depois voltam a gritar.
Como se as lembranças estivessem vivas.
A lhes sufocar. À exaustão.
Babas escorrem de bocas espumantes.
Raiva e desespero vejo em muitas
partes.
A luz está por perto. Mas eles se
negam a olhar.
Não faço parte deste martírio.
Mas meu estômago sangra ao
contemplar estas imagens.
Tenho que deixá-lo aqui. Pra
prosseguir a viagem.
Já fui um habitante deste lugar? Que
ligação me traz aqui de volta?
O sangue da carne-viva.
Ainda é recuperável.
Ao longe, a putrefação...
Pobres criaturas. O que construíram
para si mesmas?
Encolhidos em gaiolas sufocantes.
Como elevadores em perpétuo
despencar.
Minha mente está girando.
Tenho que sair desta vibração.
Já entendi. É melhor gastar as
últimas forças. Para escapar ao ódio.
Pelos imoladores. Oferecer-lhes
outras faces.
Um pequeno feixe de luz.
Para onde são atraídos os corpos
torturados.
Dos bem-aventurados.
Jean, 23 de setembro de 2010.
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