Decifrar os anos 1960 e 1970 não é tarefa
fácil. Ministrei algumas palestras sobre este período, especialmente
sobre a juventude, em eventos acadêmicos alguns tempos atrás. Uma
juventude que viveu como se tudo fosse possível. “A felicidade é uma ideia
nova”. “A imaginação toma o poder”. "Tudo, já".
Sob sonhos, protestos, indústria cultural e muita
droga, a criatividade artística emergiu. Estes projetos de mundo alternativo se
perderam? Nada se perde. Em que se transformaram?
"Sob
as calçadas, a praia". Mas nem tudo era viável. As viagens com as drogas
mostraram-se uma fuga inútil. Para a resolução dos problemas do mundo tinham um
efeito muito efêmero. Pior ainda, a viagem, para alguns, não teria volta.
Alguns
ideais cultivados por esta juventude nos foram legados como conquistas. Hoje,
podemos ser muito menos formais e hipócritas do que era a sociedade moralista
do passado.
Por
outro lado, a exacerbação da liberdade individual nos deixou à mercê de um
egoísmo extremo, onde o hedonismo, a satisfação dos interesses pessoais,
sobrepuja, em muito, qualquer projeto coletivo de sociedade.
Coisas
para resolvermos. A qualidade artística da produção do período é inegável.
Fiquemos com o que há de bom. Cabe-nos a reflexão sobre os nossos atos e
omissões, cotidianos, a respeito do mundo que herdamos e o mundo que queremos.
E um pouquinho de música só pra relaxar, que ninguém é de ferro.
“Chega
de atos, queremos palavras.”
Jean Moreno, 13/09/2010
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