Ele andava em busca de carinho.
Uma palavra, um toque, um sussurro,
uma atenção.
Em troca oferecia-se por inteiro:
alma, espírito, afeto, corpo, companhia.
Ele procurava um olhar mais profundo,
uma compreensão.
Ele sabia que seu peito estava
prestes a explodir.
A garganta cada vez mais presa e
dolorida.
O choro, o urro do leão enjaulado.
Descobriu que também precisava
daquilo que ofertava.
Ele andava, perambulava pela noite.
Pelos lugares sujos e pelos
iluminados com a mesma angústia e com o mesmo olhar lacrimoso.
Ele andava pelo tempo.
De onde o mar revolto?
Andava de mansinho, espreitando a
imensidão do espaço.
Ele andava em busca de carinho.
Contava à árvore que, por vezes,
também sentia medo da vida.
Um medo inexplicável que vinha lá de
dentro.
Caminhava, encontrava outros seres e
sempre tomava a iniciativa: _ como está, tudo bem? _ Conte-me suas dificuldades,
ouvirei com deferência.
Ele andava em busca.
Palavras lhe faltavam.
Silêncios entremeavam sua fala, como
se estivesse procurando em vão o fundo mais fundo.
Ele pensava em fuga.
Uma Pasárgada escondida, um
hospital, um templo
Jean Moreno, 22.09.2013
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