quarta-feira, 9 de maio de 2018


Eu tinha que entrar naquele túnel.
Fui andando devagar.
Ele era bem escuro. Uma caverna.
Luzes se acendiam nas paredes por alguns momentos.
Mais à frente, numa destas luzes havia um homem. Usava chapéu e trabalhava naquele canto, segurando algo, como se fosse uma enxada.
Esse homem era eu. 
Eu não lembro de ter usado chapéu, mas esse homem era eu.
Eu era jovem e ele parecia mais velho do que eu.
Ele me disse que todo o cansaço e o esforço expressos no seu rosto valeram a pena. Eram um alicerce necessário para o futuro.
Continuei em frente. E o túnel agora estava cheio de água cristalina. Eu estava submerso. De vez em quando me perguntava como conseguia respirar. Mas seguia adiante.
O túnel chegou ao fim e a luz do dia se estabeleceu no rio de águas claras.
De repente me deparei com centenas de flores rosas sobre as águas. Do rosa mais lindo que já existiu. As flores foram se tornando pássaros ou borboletas, não sei direito, e voaram sobre aquele paraíso.
Continuei no rio que agora tinha águas um pouco mais turvas.
Mais além avistei algo que parecia uma estátua em cima de uma pedra no meio do rio. Na verdade era uma menina em posição de lótus, vestida e enfeitada á maneira indiana.
Aquela menina era eu.
Me aproximei bastante e vi que ela chorava. Dos seus olhos saíam pequenas pérolas negras e brilhantes em abundância.
Observei-a por um tempo longo.
Uma voz me disse que eu teria que me aproximar mais da natureza.
Depois rumei para a margem do rio, onde gramíneas e outras plantas pequenas me convidavam a prosseguir.
Contudo, um corte geometrizado na paisagem, como se fosse o final de uma projeção holográfica impedia o meu olhar de ir adiante.


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