terça-feira, 28 de julho de 2015

Afinações do espírito






Eu não tenho que escrever,
Mas sempre tenho o que escrever
Escrever é como um desabafo,
Um mergulho, um recolhimento.

Melhor fosse um desenho.
Como formas de escrita orientais.
Melhor fosse uma pintura,
Ou mesmo um filme ou som suave.

Ainda assim, vale a pena.
Comunicar-se comigo, por letras, fonemas.
Pensar no papel ou na tela
É o mesmo que falar com tantos outros.

Escreve-se há muito tempo.
Receitas, preces, contabilidades.
Escrevem-se partituras, calendários, cartas.
Na areia, na terra, nas folhas, nos ossos.

Afinações do espírito
São os escritos.
Coloca-se para fora sussurros, gritos.
Compõem-se arranjos da melodia íntima.


Jean Moreno, 13 de novembro de 2010.

Nenhum comentário:

Postar um comentário