terça-feira, 21 de abril de 2020

A AÇÃO MEDIÚNICA OBSESSORA FOI SUPERADA PELO WHATSAPP
(obs: é uma ironia provocativa)
As trevas não precisam mais do recurso à mediunidade para realizar suas tarefas e desejos.
O que assistimos hoje, em parte da população brasileira, é um fenômeno bastante avançado de fascinação, com utilização de uma ferramenta de comunicação direta, o WhatsApp, junto a técnicas psicológicas de propaganda conhecidas de longa data e aperfeiçoadas pelos novos recursos tecnológicos de edição de imagem.
Trata-se, sim, de um caso sério de fascinação coletiva, já visto, em menor ou maior grau, em movimentos autoritários de massa, durante o século XX, mas que, agora, ganha outros contornos ainda mais graves.
No Livro dos Médiuns, compreende-se que a fascinação se trata de uma ilusão criada diretamente pelo Espírito no pensamento do obsidiado, chegando a paralisar a sua capacidade de discernir e julgar o que é o seu próprio pensamento e a sugestão de outrem.
Aproveitando-se de brechas como o orgulho, o preconceito, o ressentimento, a inveja etc., o obsessor faz com que suas vítimas repitam e repliquem suas ideias, que têm pequenos pontos em comum com as brechas abertas, mas que podem ser, até mesmo, contrárias às crenças mais profundas que o obsidiado vem lutando para assentar no mais íntimo do seu ser.
O fascinador é ardiloso e utiliza-se de máscaras - Deus, Família, Pátria, Ordem, Progresso - dentre outros valores que poderiam ter um significado mais profundo e positivo, mas que assumem o caráter de uma casca ritualística, empregada de maneira demagógica. Diz o Livro dos Médiuns sobre a fascinação:
“para chegar a tais fins o Espírito deve ser esperto, ardiloso e profundamente hipócrita. Porque ele só pode enganar e se impor usando máscara e uma falsa aparência de virtude. As grandes palavras de caridade, humildade e amor a Deus servem-lhe de carta de fiança” (Cap. XXIII, 239).
Claro que há muito tempo sabemos que a fascinação, como outras formas de obsessão, pode se realizar de encarnado para encarnado. No caso em que estamos falando, tratam-se de agências produtoras especializadas em conteúdos fascinantes (polo emissor) que distribuem seus conteúdos encomendados para um grande número de encarnados (polo receptor), selecionados a partir de algoritmos muito bem estudados.
A identificação provocada pelo conteúdo divulgado, faz do receptor um potencial divulgador confiável entre outras pessoas que possam compartilhar dos seus mesmos referencias e sentimentos e chegar à mesma conclusão que o primeiro polo emissor desejava induzir. São os velhos desejos e receios humanos da fofoca, da maledicência, do catastrofismo, da difusão do medo... multiplicados, exponencialmente, aos milhões.
Da mesma forma, é claro que também sabemos que nenhum de nós está isento de se submeter a graus, maiores ou menores, de obsessão, devido às portas abertas de imperfeições que ainda mantemos. Resta-nos, quanto a esta situação, portanto, continuar utilizando a vigilância, a criticidade e o autoconhecimento tão exemplificados por Kardec.
Quanto à população que se encontra em momento de ‘encantamento coletivo’, os contra-ataques e os pagamentos na mesma moeda do ódio e do ‘sangue no olho’ só reforçarão a crença fanática que se nutre com a ideia de perseguição e de uma dicotomia rígida e cega entre o seu lado, o bem, e o outro lado, o mal.
Isto não quer dizer que não podemos e temos obrigação de nos contrapor utilizando a outra face. A serenidade dos argumentos, a coerência entre o que se defende e o que se vive, ainda serão nossas maiores ferramentas.
Não podemos nos esquecer que estamos concorrendo com mensagens que chegam pela manhã, junto com ‘bons dias’ floridos, com despertar de saudosismos de infâncias e tempos idílicos imaginários, localizados num passado supostamente perdido.
Estas mensagens se contrapõem à sensação de aceleração e de caos do mundo moderno consumista. Sim, ‘eles’ se utilizam de algo que nós também procuramos enfrentar, o vazio e a ausência de sentido da sociedade materialista e consumista.
No que tange à situação maior (em termos de quantidade de pessoas envolvidas) é mais difícil de construirmos uma resposta neste momento.
Trata-se de um fenômeno de comunicação de massas, contraditoriamente, compartilhado em grupos fechados (aos quais por vezes não temos acesso).
É algo novo, pois há pouco tempo imaginávamos que a emergência do acesso popular às novas mídias tivesse como um dos efeitos negativos (há muitos outros positivos) “apenas” uma atomização maior da sociedade e a exacerbação do individualismo. A retomada dos fenômenos de massa do século XX nos toma, de certa forma, despreparados.
Nossa ação terá que ser, claro, no campo do esclarecimento político, das relações interpessoais, micro e macro-comunitárias. Mas, também, não poderemos descuidar da vibração e da mobilização de energias no grave momento em que o planeta atravessa. O encantamento da fascinação de massas, em outros momentos, só foi quebrado após enormes sofrimentos coletivos.
Não temos respostas prontas para tudo o que está acontecendo.
Mas façamos agora o que está ao nosso alcance, colaborando com a Espiritualidade Maior, tendo a certeza de que já não é mais o tempo para a propagação do ódio dentre os trabalhadores da última hora que já adquiriram a consciência de que a Solidariedade (da qual, por nossas limitações, somos ainda mais beneficiários do que favorecedores) é a Lei que rege o Universo.
Jean Moreno, 20/04/2020.
(rascunho, respondendo à indagação de um amigo)

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