domingo, 1 de novembro de 2015

O futuro ainda é uma incógnita



Domingo,

Como sempre levanto às seis da manhã.
A dor de cabeça de uma noite mal dormida e de uma cama espremida a três faz-se presente.
O futuro ainda é uma incógnita.
A dor de cabeça aumenta
Para diminuir a escuridão, ligo a TV.
Realmente a televisão é uma luz.
Começo a me sentir capaz de intervir no meu destino novamente.
Depois de refletir um pouco, percebo minhas opções: a missa dominical e as declarações de conversão dos neo-pentecostais.
Decido-me, dentro de meus direitos democráticos, desligar a televisão.
Cato alguns comprimidos na estante (eles sempre estão à mão).
Engulo-os com um pequeno gole de água e sento-me no sofá.
Resolvo dar uma espiada para fora da janela: tradicionalmente tempo nublado e frio em S. José dos Pinhais.
O tempo passa devagar.
O tempo passa depressa.
Começo a enumerar as demais opções: leituras, estudos, afazeres domésticos, limpar o quintal.
A dor de cabeça continua.
Uma boa opção seria uma viagem.
Desemprego, falta de dinheiro: sem perspectivas.
Ah, uma viagem seria maravilhoso.
Começo a imaginar florestas, praias, lagos, mundos encantados... o simples prazer de estar num veículo deslocando-se para algum lugar.
Me aconchego no sofá. Fecho os olhos... o domingo começou a melhorar.


Jean Moreno, 1993

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